Vemo-nos por aí...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sorriso(s)

Finda mais um dia. Já poucos habitam este espaço de trabalho. Tenho a impressão que estou só, de que todos se foram já. Da janela vejo a morte dos últimos raios de luz sobre o campo relvado que se estende ao meu lado. Uma guitarra enche o ambiente e, não fosse o agradável cansaço de uma semana de trabalho, sentir-me-ia levitar.
Sinto o ruído de fundo da humanidade, esse de que tantas vezes fugi, mas de que sempre quis fazer parte. Olho novamente a janela depois de mais umas leituras na imensidão de papéis que cresce todos os dias na secretaria, como se fossem um rio que eternamente caminha para a foz sem que se possa dizer que finalmente desaguou.
Paro, recosto-me na cadeira e deixo o olhar perder-se na paisagem agora escura. Neste ambiente de bucólico bem estar, tenho vontade de jogar tudo para o alto e arriscar. Tudo parece afinal tão possível, tão simples como o sorriso fácil que te vi lançar vezes sem conta naquele bocadinho de tempo.
Deixo-me estar, deixem-me estar assim, neste final de dia, a olhar pela janela, recostado na cadeira, com um sorriso nos lábios, a ouvir o ruído do mundo e a imaginar esse outro sorriso...


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