Vemo-nos por aí...

sexta-feira, 28 de março de 2014

Imutável

Vou regressando a Para-lá-do-mundo, como o filho pródigo vai regressando a casa. Há coisas que são para sempre, que fazem parte, que se colocam à pele, que são a própria pele. Há coisas que não mudam nunca, que se cristalizam para sempre, como se o mundo fosse absolutamente imutável. Absolutamente imutável. Às vezes parece, muitas vezes parece, se não imutável repetitivo. E repetitivo não é mau. Pelo contrário. Faz-nos voltar ao ponto de partida, como se alguns momentos fossem temporalmente tangíveis. É bom sentir isso. Sentir a mesma coisa. Torna o mundo imutável. Absolutamente imutável. Às vezes parece, muitas vezes parece, se não imutável repetitivo.
Hoje, pela primeira vez, instalei-me no nova torre de narciso, de onde continuo a ver o mundo. Apesar das diferenças abissais do espaço, dos objetos, como sinto exactamente a mesma coisa. E como a música me faz sentir a mesma coisa. Como consegue simultaneamente levar-me para tantas deambulações nas ruas estreitas da outra cidade e fazer-me sentir igual neste novo espaço. Ah, que sensação incrível e visceral!

O mundo é igual a si mesmo, pouco muda com o tempo. E eu, mesmo com esforço, talvez no fundo no fundo, também não mude muito. Talvez nem mude mais. Lá no fundo, na essência, não mude. Continuo a viver a tranquilidade dos dias banais, a bonomia noturna da cidade e as teclas, as mesmas teclas, sempre as mesmas teclas deste tipo que já é da casa. 


Where Breathing Starts by Tord Gustavsen Trio on Grooveshark