Vemo-nos por aí...

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sina em acordes diferentes

E até quando não me sais da cabeça, apesar do silêncio do tempo já não negar o inevitável, não deixo de esperar um sinal de ti. É ainda impossível não esperar aquela mensagem que me fará largar tudo nesse exacto momento, qualquer que seja a sua importância, e correr desenfreadamente para aquele beijo louco que vejo sempre no cinema. Nestes momentos, em que o mundo bem podia ser uma comédia romântica, é impossível não sorrir. E e a mesma música de ontem, agora numa outra cadência, parece alimentar o sonho.

Ao Sul by Isabel Silvestre on Grooveshark

Sina

Tarde, altas horas numa universidade vazia de gente e de tudo, resisto ao sono e às saudades. O silêncio pesa, mas o silêncio da casa vazia pesa muito mais. Quase tanto como os sinais que materializaste e com que esbarro todos os dias.
Paro um pouco e aventuro-me pelos corredores escuros. Tento aliviar a pressão que cresce todos os dias, as montanhas de papéis a rivalizar com o Evereste, as solicitações constantes e as idiossincrasias com que temos que elegantemente lidar. No ar puro do jardim interior, onde me deixo espraiar um pouco, ouço bater do coração, descompassado, pensando em ti. Escapa-se um lágrima, ou várias. Hoje não resisto. Tudo é tão evidente afinal. Eloquências? Desnecessárias. Simplesmente não me sais da cabeça.

Ao sul by Antonio Zambujo on Grooveshark

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Fracção de segundos

Leitor atento de Para-lá-do-mundo, há muito que não me dirijo a ti, perdido que ando nas poetices e filosofices dos suspiros e das lágrimas banais. Puro egocentrismo da paixão, essa irracionalidade que nos torna insensíveis aos apelos do mundo e, tantas vezes, aos nossos próprios apelos. Ainda assim, continuas, no conforto do anonimato a dirigir palavras simpáticas que interrompem os suspiros e as lágrimas e me fazem esboçar o sorriso do Gandalf que muitos me rotulam. Não há sabedoria possível, livros reais, teorias certeiras para gerir a torrente emocional das paixões. Apenas o tempo, lento, muito lento, vai aliviando o fardo e, porque não, as patetices a que me entrego e que tornam o mundo, o meu mundo, tão mais adorável e leve. Entre filosofices e patetices, cresce a saudade do futuro e o cheiro a Paris, que ficou para sempre gravado num estreita escadaria da invicta. Apertadinho, segurando as lágrimas, tento esquecer aquela fracção de segundo em que o mundo me pareceu eterno e, entre olhares e sorrisos, acreditei, piamente, numa nova aurora. E num medley de poesia, sussurrar:

A eternidade num segundo,
segundo por segundo,
acreditar que é todo meu o mundo,
porque há outro mundo...


O mio bambino caro - aus der Oper Gianni Schicchi by Filippa Giordano on Grooveshark

sábado, 8 de junho de 2013

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Mais que o silêncio o vazio
que vou sentindo e me invade
neste tempo de angústia e de frio
que faz pesar tanto a saudade.


Primavera by Ludovico Einaudi on Grooveshark

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Como um furacão

Sem mais, nem aviso. Como um furacão. Na tranquilidade dos dias banais, nessa doce melancolia de ver passar os dias, apareceste. Arrebatador, muito mais do que possas supor, muito mais do que consiga explicar. Sem mais, nem aviso. Como um furacão. Levaste tudo à frente, envolvendo com força as frágeis ligações inicias. Arrebatador, muito mais do que te tenhas apercebido, muito mais do que eu desejasse. Sem mais, nem aviso. Como um furacão. Mudaste a paisagem à tua volta, criaste um novo mundo, obrigaste a novos desenhos futuros. Arrebatadoramente, muito mais do que imaginas, muito mais do que sonhei. Sem mais, nem aviso. Como um furacão. Foste crescendo de intensidade, criando a ilusão de que nada mais haveria no mundo. Irracionalmente, muito mais do que o entendimento possa explicar ou queira explicar.
Sem mais, nem aviso, alterado que estava o mundo, desapareceste. Como um furacão. Tão rápido e fugaz como surgiu. Capaz de em pouco tempo nos fazer sentir pequeninhos, vulneráveis, frágeis. Sem mais, nem aviso. Como um furacão. Ficou o silêncio ensurdecedor que segue a tempestade. Esse silêncio estúpido com que olhamos o mundo devastado, sob um céu limpo e brilhante. Sem mais, nem aviso. Como um furacão. Ficou o caos que agora contemplo, de lágrimas nos olhos, sentado a olhar para o que sobrou, tentando ignorar o estupido silêncio da bonança. Tentando criar algum ruído que me permita sobreviver. Sem mais, nem aviso. Como um furacão. Procuro agora a esperança também irracional de achar que o improvável acontece. De querer crer, com muita força, que há milagres que acontecem, que há magia possível, que este silêncio vai ser interrompido com estrondo. Sem mais, nem aviso. Como um furacão. Procuro agarrar-me ao que sinto, a única forma de ainda te sentir perto. Como te quero sentir perto.