Vemo-nos por aí...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Verbos

Como sinto precipitar-se em mim toda a imensidão do mundo. Como resisto a cada pôr do sol, a cada luar, ao brilho das estrelas. Como vou sorrindo a um vazio de esperança que parece não terminar. Como vou caindo, aos poucos, no colo que não sei alcançar. Como descanso ainda sozinho, sentado nesse pedaço de muro onde, sem querer, me afogo. Como, como! Como me vou tornado surdo aos sons arrepiantes que ainda me tocam. Como me perco cada vez mais por aí, preso a mim, às amarras que me lanço sem perceber ou, mesmo percebendo, sem o conseguir evitar.
No tempo futuro que não vem, vejo o passado que já ido ainda virá. Vejo em repetidas sessões o mesmo horizonte vazio de ti.
Amanhã vi o ontem que me persegue hoje e, entre tempos verbais, imagino o condicional que sempre espero, indicativo de um futuro imperfeito onde, em silêncio, escreveremos o infinitivo do verbo e, juntos, conjugaremos tantas formas possíveis.

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