Vemo-nos por aí...

domingo, 1 de junho de 2008

Grito

Sinto o vento. Olho o horizonte, o mesmo de sempre, mas nunca igual. O som ruidoso das águas, diluído na hercúlea força que bate nas rochas, abafa o grito que quero gritar. Não, não é redundância. Quero gritar esse grito que sempre calo, que não partilho, que vou escondendo. E se o faço, mais não é por me saber sozinho nesta ponta de mar. Corre agora o grito com o vento e vou, a espaços, ouvindo as ondas de eco que recuam: onde estás tu?, onde estás tu?, onde estás, onde...
Recuam até mim estes ecos, mas hei-de escutar o grito original quando, findo o caminho que todos dizem circular, regressar de novo a mim. Nesse espaço alado, mil vezes percorrido, outras tantas abraçado, quase sempre surdo, espero que ouças este meu grito mudo. É surdo, é mudo, mas gritado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pode ser que umd ia sejas tu a ouvir um grito igual antes de seres o primeiro a gritar... Uma retórica há espera de abandonar a sua condição..