Vemo-nos por aí...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Mesmo assim

Mesmo que os motivos não existam. Mesmo que tudo esteja como ontem e que os tempos verbais continuem por conjugar. Mesmo que sintas o frio nestes dias de calor e que sorrias ainda ao vazio. Mesmo que o céu continue mudo, que o vento nada te diga, que a lua não espelhe o rosto que esperas alcançar. Mesmo que nas noites de Verão não partilhes o entusiasmo contagiante do calor nocturno, do burburinho das ruas, do riso das pessoas, das esplanadas dos cafés. Mesmo que corras como um rio, esperando a foz que parece não existir. Mesmo que o absurdo dos dias banais não te traga o abraço forte com que sonhas. Mesmo que uma lágrima, escondida, solitária, rasgue o teu rosto e te denuncie. Mesmo que tudo pareça distante, que nada pareça possível, que te sintas perdido, que te aches esquecido, que não vejas o caminho, que pereças ao cansaço. Mesmo assim, há dias em que te apetece sorrir, em que sentes o conforto de uma alegria sem razão, sem sentido, mas com o rosto difuso do nevoeiro que sempre antecede uma chegada.

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