Perfeição caótica é talvez a mais estranha combinação que me surge. Polarmente distintas, procurando uma, renegando a outra, derivamos algures nos entremeios desse continuo sem fim. Pressupomos, na inocência que não queremos perder, que encurtando a distância de uma afastamos progressivamente a outra. E se estivermos errados? E se esse continuo for circular? Se for redondo como todos dizem e acreditam que o mundo é? Ficaríamos presos então numa tira de Mobius, onde os dois pólos se unem e se diluem.
Perfeição caótica nada mais é do que o corolário do sentimento das quatro letras, o turbilhão de sensações que se mistura e confunde com a infalibilidade que se experimenta. Estranha agora? De maneira nenhuma...
Esse desejo de caos, de ebulição dos sentidos, é a certeza da perfeição, da tal perfeição que Platão considerava existir apenas na união das duas metades, na re-união do ser uno.
E o que é tudo isto senão o arfar da própria natureza, sua respiração profunda e inaudível? E o que é a natureza, por todos considerada perfeita, senão uma sucessão de fractais eternos, caos aparentemente aleatório?
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