Não fosse o ruidoso silêncio da noite e teria acordado toda a gente da rua estreitinha onde me escondo e, às vezes, muitas vezes, espreito o mundo. Respondia compassadamente a cada sorriso que deixava escapar. Quase audíveis, sorriso e coração dançavam alegremente, tontamente, ao som da melodia fluida que ia desaguando em leves suspiros intranquilos.
Aos poucos vais-me convidando para entrar. Entre as ilusões que quero, mas não consigo evitar e os sonhos que tenho, mas nem sempre consigo abraçar, vou cedendo lentamente. Marotice tua, levares-me assim aos poucos contigo!
Permito. Permito que me leves aos poucos. Permito que me leves contigo. Permito, permito-me, essa visão sempre deslumbrante de um mundo novo. Olho o êxtase que me envolve e retribuo com um esboço de lábios.
Chegará o dia em que nada mais haverá para levar. Chegará a noite em que não irei contigo nem tu me virás procurar. Nesse dia pés descalços tocar-se-ão levemente e, sem nada dizer, num surdo abraço esperado, saberás, saberei, que a busca cessou e o caminho partilhado se inicia. Espero.
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Aguardo-te
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