Vemo-nos por aí...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Leva-me...

Altas horas. Não  sei quantas, nem se contáveis. Pouco importa. Como sempre, percorria as insondáveis arestas do céu procurando perceber tanta geometria abstracta desenhada aparentemente ao desbarato.  Eram mesmo muitas horas e nem por isso havia reparado.  Acho agora que o fazia propositadamente, tão esquecido estava do resto do mundo ou dele quase todo.

Não fosse o ruidoso silêncio da noite e teria acordado toda a gente da rua estreitinha onde me escondo e,  às vezes, muitas vezes, espreito o mundo.  Respondia compassadamente a cada sorriso que deixava escapar. Quase audíveis, sorriso e coração dançavam alegremente, tontamente, ao som da melodia fluida que ia desaguando em leves suspiros intranquilos.

Aos poucos vais-me convidando para entrar. Entre as ilusões que quero, mas não consigo evitar e os sonhos que tenho, mas nem sempre consigo abraçar, vou cedendo lentamente. Marotice tua, levares-me  assim aos poucos contigo!

Permito.  Permito que me leves aos poucos. Permito que me leves contigo.  Permito, permito-me, essa visão sempre deslumbrante de um mundo novo. Olho o êxtase que me envolve e retribuo com um esboço de lábios. 

Chegará o dia em que nada mais haverá para levar. Chegará a noite em que não irei contigo nem tu me virás procurar. Nesse dia pés descalços tocar-se-ão levemente e, sem nada dizer, num surdo abraço esperado, saberás, saberei, que a busca cessou e o caminho partilhado se inicia.  Espero. 

 

1 comentário:

Anónimo disse...

Aguardo-te