Vemo-nos por aí...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Lentamente veloz


Correm velozes as memórias de um Eu que nunca existiu. Perseguem-me imagens de gentes sem rosto, estranhas lembranças de sonhos não partilhados. Saio para a rua numa tentativa de me diluir no cinzento do céu e me esconder entre a chuva fria que cai. Em passo lento de marcha fúnebre, vou percorrendo as ruelas da cidade fantasma onde resolvi hibernar. Atlântida invertida, em que a utopia se reforça nas esperanças perdidas do seu único habitante e não, como nos contos de fadas, na intrépida coragem dos heróis que a procuram. Praticamente submersa, vai-se mostrando de quando em quando, nos dias das águas tranquilas da maré vaza, do sol sem ocaso, do eterno luar.
Dobro esquinas sem fim, em percursos circulares, sem nada aguardar que não o cansaço. Desse, posso esperar sem augústia a certeza de uma noite de sono. Acordarei várias vezes ainda assim, pensando ouvir finalmente as portas da cidade a abrirem…

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