Encontrar-te-ei por lá, com toda a certeza. Ver-te-ei numa fraga, numa flor silvestre, no canto de um pássaro, no sol que reflectirá no meu rosto e até nos cristais de cloreto de sódio que poderei, em algum momento de inepta fraqueza, deixar cair.
Literalmente desconectado com o mundo, faço o retiro que a alma clama há muito. Dobrado ao silêncio imensidão, passarei os dias entre as caminhadas tranquilas pelos montes e algumas leituras pessoais que fui descurando nestes tempos. Cumprirei, como me compete, os compromissos familiares que me estão reservados, sorrindo prazenteiramente e distribuindo os cumprimentos verticais que os outros esperam. Mal possa, perder-me-ei novamente nos campos que circundam a aldeia.
Felizmente, felizmente à luar! Pela noite dentro percorrerei as longas horas que me separam da aldeia, parando várias vezes para ver o reflexo fantástico do luar nas encostas de um Douro que vou subindo. A música do carro acompanha-me e, parado, numa estrada sem luz pública, sem movimento, sentir-me-ei confortavelmente eu.
Adeus. Até ao meu regresso.
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