Olho novamente o mundo com os olhos cautos, regressado que sou à velha poltrona de quase-sábio, esse trono sagrado do absoluto relativo, da distância cultivada, da benignidade genuína. Esse magistério do milenário de longos cabelos brancos e sabidos conselhos.
Encontro-me de novo nesse ponto alto, nesse tecto do mundo, e tenho em mim toda a humanidade. O vento leva-me a capa e impõe a imagem serenamente austera onde sempre me senti confortavelmente protegido. Com gestos elegantes cumprimento o mundo e abençoo o infinito. Essa realidade quase sempre intangível, mas palpável uma vez descoberto o segredo. O secreto segredo do sorriso perdido, da lágrima caída, do olhar fixo, do beijo demorado, do suspiro largado, do coração alvoroçado. Tudo isso que transforma o cinzento em soalheiro, o exíguo em imensidão, a singela flor na beleza rara, a andorinha na primavera e, vejo-o daqui, a impossível certeza na mais concreta verdade.
Sinto-vos a todos e, na apoteose do meu silêncio, ergo as mãos e amplio Ágaphe, solto Eros e faço ressonância exponencial de todos esses sorrisos que chegam ao cimo da minha torre. Permaneço na sombra, de onde, como se sabe, se vê melhor a luz, olhando por vós…
Ao trono alto do meu mundo
em bailados de encantar
chegam risos de amor profundo
chegam sonhos no ar
e alegrias
e suspiros
e olhares
e saudades,
corolários de amar
Vêm aos pares,
eternas medusas
translúcidas
perdidas noutros mares.
Ordeno a Zéfiro que se levante
na sua força plena
e vos deixe flutuar
Ordeno à musa que cante
a melodia serena
de amar…
Dissolvido no pó da ampulheta, não tenho tempo nem espaço. Genuinamente, sorrio com todos vós, humanos que amais. Também eu um dia o ousei ser. Ab imo pectore.
Encontro-me de novo nesse ponto alto, nesse tecto do mundo, e tenho em mim toda a humanidade. O vento leva-me a capa e impõe a imagem serenamente austera onde sempre me senti confortavelmente protegido. Com gestos elegantes cumprimento o mundo e abençoo o infinito. Essa realidade quase sempre intangível, mas palpável uma vez descoberto o segredo. O secreto segredo do sorriso perdido, da lágrima caída, do olhar fixo, do beijo demorado, do suspiro largado, do coração alvoroçado. Tudo isso que transforma o cinzento em soalheiro, o exíguo em imensidão, a singela flor na beleza rara, a andorinha na primavera e, vejo-o daqui, a impossível certeza na mais concreta verdade.
Sinto-vos a todos e, na apoteose do meu silêncio, ergo as mãos e amplio Ágaphe, solto Eros e faço ressonância exponencial de todos esses sorrisos que chegam ao cimo da minha torre. Permaneço na sombra, de onde, como se sabe, se vê melhor a luz, olhando por vós…
Ao trono alto do meu mundo
em bailados de encantar
chegam risos de amor profundo
chegam sonhos no ar
e alegrias
e suspiros
e olhares
e saudades,
corolários de amar
Vêm aos pares,
eternas medusas
translúcidas
perdidas noutros mares.
Ordeno a Zéfiro que se levante
na sua força plena
e vos deixe flutuar
Ordeno à musa que cante
a melodia serena
de amar…
Dissolvido no pó da ampulheta, não tenho tempo nem espaço. Genuinamente, sorrio com todos vós, humanos que amais. Também eu um dia o ousei ser. Ab imo pectore.
5 comentários:
Nem sei que diga. Não digo nada. Como estás numa torre e eu em baixo não sei quem és. Mas pá digo-te não pares de escrever. Brutal o poema!
Escreves bem, sim. Mas cuidado com as quedas.
Primeiro leitor anónimo, agradeço as palavras simpáticas. No entanto, tenho que dizer que estes pequenos textos são apenas exercícios de humildade. E não é modéstia minha, de todo, apenas bom senso...
Segundo leitor, quase anónimo, agradeço a cortesia, mas renovo as palavras que deixei a cima. É apenas um exercício de humildade. A segunda observação é claramente um desafio a uma resposta mais elaborado. Direi, por ora, que a pressuposição de "quedas" é uma falácia, pelo menos na forma como colocas a questão.
* No comentário anterior há uma pequena gralha em "a cima". Deveria estar "acima".
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