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terça-feira, 25 de março de 2008

Durmo ou não?

(Aos que hibernam.)

Não respondam. Não há resposta, apenas pergunta. Nem todas as perguntas têm resposta! Nem de todos as perguntas se quer uma resposta. Há perguntas que nascem sem resposta e outras que mesmo nascendo respondem-se a si. Não me condenem, ó deuses do linguísmo, por repetir e iterar tantas vezes seguidas pergunta e resposta, como se mais vocábulos não houvesse. Repetidos são os ciclos da alma, onde vamos colocando ad eternum a pergunta sem procurar resposta. Mas, por momentos, quem já não deu a resposta à pergunta que nunca houve? Pergunta, resposta. Pergunta, resposta. Pergunta. Resposta. Qual a melhor? Haverá resposta?

Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.

Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.

Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Desperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?

[Fernando Pessoa]

Qual era a pergunta afinal?

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