Vemo-nos por aí...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Forma Plural

Devagar, devagarinho
Percorria as linhas que aqui risquei,
e vi paisagens distantes, ouvi musicas gritantes,
senti frio e calor, chorei e ri meu desamor.
Procurei o meu retrato, poucas vezes o achei.
Por cada esquina dobrada te vi sempre escapar,
e mesmo correndo depressa não te consegui alcançar.
Não pude deixar de perceber lágrimas caídas ao chão,
alguma ausência sentida, dias de pura ilusão.

Mas há sempre novo início, numa nova derivação,
Uma possibilidade remota de ouvir outra canção!
Por isso partilho hoje, o que de todos é afinal
A poesia fantástica de um poeta genial.

E porque sempre considerei que a matemática estava errada
Nunca por força aceitei que unidade por si multiplicada
Sempre fosse igual a um, permanecendo singular
Qual estrada inacabada pela ausência de amar.

Espero um dia pronunciar a forma plural
Essa beleza raríssima de aurora bureal…


ALÉM DA TERRA, ALÉM DO CÉU (Por Drummond de Andrade)

Além da terra, além do céu
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastros dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
Vamos conjugar
o verbo fundamental essencial
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar
o verbo pluriamar,
razão de ser e viver.

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