Vemo-nos por aí...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Solidariamente Só

Sei-me por aí. Vejo-me por aí. Sinto-me por aí. E por aí andarei, como tenho andado em séculos de solidária solidão.
Solidão porque minha e só minha, quando o mundo me continua a parecer estranho e distante. Solidão minha e só minha, quando leio nos outros aquilo que os próprias não conseguem. Solidão minha e só minha, quando sei que na terra plana me condeno aos cantos sombrios do espaço e contemplo, ao longe, maravilhado, as luzes brilhantes. Como se vêem melhor, aqui, na sombra, e como continuam tão inacessíveis hoje como ontem e amanhã.
Solidária porque partilhada pelas páginas onde me perco, pela poesia onde me escondo, pelas paisagens que contemplo, pelas lágrimas que, em silêncio escondido, tenho vontade de chorar.
Solidariamente só porque o amor é isso mesmo. Essa esperança inocente de quem te sabe estar por aí. Esse sorriso esquecido de quem te vê por aí. Esse suspiro perdido de quem te sente por aí. Essa lágrima caída de quem te quer acreditar por aí.
Solidariamente só esperando algures no caminho dividir a solidão e, enfim, viver novamente só. Só para ti.

2 comentários:

C disse...

"Solidariamente só esperando algures no caminho dividir a solidão e, enfim, viver novamente só. Só para ti."

Não é afinal o desejo de todoss? Até talvez desse "tu".

Quasimodo disse...

É naturalmente o desejo “desse mesmo eu”, senão não o teria escrito, leitor atento. Porém, e se me permites a ousadia, essa não é a questão, porque o amor nunca é questão. O que me podes perguntar é como o vejo, como o sinto, como o desejo, mas não se o desejo. Porque o amor é axioma, dogma, pressuposto, principio, postulado, crença, mas nunca questão. Poderei concordar contigo e dizer-te que é “o que todos desejamos”, mas nem todos da mesma forma.