Vemo-nos por aí...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Sobrevivendo por aí

Hoje partilho contigo, leitor desperto para causas perdidas, um poema de Garrett. O tema é tão antigo como o mundo, ou talvez mais. Porém, como bem sabes, é sempre pertinente, qualquer que seja a lua. Se amas ou se não amas, se sofres ou não sofres, se choras ou sorris. A transversalidade tem esta coisa fantástica de tocar a todos, qualquer que seja a fase lunar em que se acham. Poderás ver lua cheia e brilhante, sorrindo para ti. Poderás ver lua nova, de negro vestida, escondida de ti. Poderás ver a esperança em quarto-crescente ou pressentir o fim em quarto-minguante. Estejas onde estiveres, este nunca te será um tema indiferente.

Este inferno de amar - como eu amo!-
Quem mo pôs n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói-
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serana dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...


Se estiveres simplesmente por aí, descansa, que a tua hora chegará. Por enquanto, e porque viver pode não te parecer possível, sobrevive até nos encontrarmos por aí…

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