Vemo-nos por aí...

domingo, 27 de janeiro de 2008

Eternamente caminhando

Caminho trilhado a passo certo. Esta poderia ser a suma do percurso de um livro de viagens incríveis. Do meu livro de aventuras. Naturalmente que aqui se cruzam outras histórias e as aventuras de outras gentes. Confunde-se criação e criador, porque os caminhos são isso mesmo – a mistura de origens diferentes num todo em que nos reconhecemos.
Sei no que pensas e sei que me repetirás a frase que todos dizem com a indiferença das sentenças banais e das trivialidades assumidas, ‘no man is an island’. O risco que se corre quando os pensamentos profundos dos filósofos se vulgarizam, é este, perder-se o sentido e o contexto em que surgiram. Eu sou uma ilha e tenho a certeza de que Teilhard de Chardin também o achava. Na realidade, leitor cansado, aquela sentença que todos citam continua num texto belíssimo, onde podes ler a seguir ‘entire of itself’. ‘No man is an island, entire of istself’. Que diferança!
Sou uma ilha onde aportam barcos. E, claro, perguntas tu, onde está o farol para que te encontre? Não está. Para que haveria de o acender? Para quem haveria de o acender? Porque não permanecerei eu uma ilha isolada em mim? A resposta é simples, porque sendo ilha, também sou barco. Já sei, sempre as dualidades.
Sou barco à procura de farol e assusta-me não encontrar uma ilha onde aportar ou, quem sabe, ancorar. Nesta busca errante em que sou dois, em que sou ilha e barco, espero encontrar-me e enfim, recomeçar…
Caminho trilhado a passo certo, de mão dada. Esta poderá ser a nova suma de um novo percurso de um novo capítulo de um livro de viagens incríveis. Do nosso livro de aventuras onde sou um dos personagens. Naturalmente que aqui se cruzarão outras histórias e outras gentes. Confundir-se-á ilha e barco, porque a viagem será isso mesmo – a transfiguração constante entre barco e ilha onde, com muito cuidado, manteremos acesos dois faróis.

2 comentários:

Anónimo disse...

Descobri o teu "quase-blog" por acaso e não posso deixar de te dizer que escreves muito bem. Esta profundidade tem-me tocado muito.

Quasimodo disse...

Agradeço a simpatia, leitor desconhecido. Estou certo que os elogios são mais pela tua bondade do que pela qualidade efectiva dos textos. Seja qual for a razão, o importante é a sinceridade dos textos e das opiniões. Vemo-nos por aí...