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domingo, 15 de março de 2009

Para "sempres"

Para sempre.
Para sempre parece ser o sonho de te encontrar, de te saber perto. Para sempre pareço ser eu, projecto inacabado de ser. Para sempre parece ser o sorriso que insisto em manter. Para sempre será a crença inabalável de que o mundo, mesmo plano, vale sempre a pena. Para sempre é a certeza de caminhar firme, apesar de todos os sinais te dizerem para parar. Para sempre é a presença constante que não nego. Para sempre é a bondade de ainda acreditar que todos procuram o mesmo, esse pedacinho de ti. Para sempre são os suspiros que não encontram retorno. Para sempre são as eternas paisagens em que te vejo. Para sempre é a pedra onde me sento ao sol e esqueço que não existes. Para sempre é o livro para onde escapo, deitado na relva, e vivo o que apenas me é dado sonhar. Para sempre são os sucessos que se vão conquistando, pequenas batalhas diárias que te ocupam a mente e o espírito, onde colocas todas as forças. Para sempre são as suas consequências, com todos a pedirem-te sempre mais, num sufoco a que se resiste com heróico sorriso. Para sempre será a vontade de perguntar a quem está ao teu lado, mesmo que te seja indiferente, se está bem. Para sempre será a vontade de que seja ele a perguntar. Para sempre é o tempo dos silêncios, destas longas horas de corredores vazios de gente, num campus deserto de domingo. Para sempre é o sol que reflecte na secretária, a brisa fresca que entra pela janela, os olhares que vou lançando para a o jardim quando a malta, em ruído, passa por aqui. Para sempre é bater uma porta vazia e fazer também em silêncio o percurso para casa, altas horas, noite fria. Para sempre chegar a uma pequena casa adormecida, que me acolhe com a bondade de todos os dias, com a mesma ausência sentida de ti.
Para sempre. Para sempre. Para sempre é dormir pouco e, ainda assim, acordar bem cedo, distribuir sorrisos pelo caminho e, com a mesma vontade, repetir mais um dia tantos “para sempres”.

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