Resta-nos, depois de algumas lágrimas que escondemos com a cabeça entre os joelhos, olhar para a frente, para a rua. Sempre se resiste a descer o degrau da porta. Sempre se espera que chegue a abrir de novo. Às vezes, muitas vezes até, não resistimos a bater. E batemos com força. Nada, já não é um porta. Entre as lágrimas e as esperanças a porta tornou-se muro e, para sempre, intransponível.
Há sempre muitas leituras. Fazemos sempre muitas leituras. Tentamos fazer muitas leituras. Fechou-se uma porta, talvez outra se tenha aberto. Talvez na mesma rua ou noutro qualquer canto do mundo. Basta descer o degrau, deitar um último olhar para o muro, deixar espaçar um sorriso de tranquilidade, e perder-mo-nos novamente por aí. Afinal, onde andas tu senão por aí?
Bateu a porta!
Ao fechar, ouviu-se
o eco do tempo,
em que pela porta aberta
corria desperta
a alegria de outro vento.
Nessa batida forte,
que ainda escuto ao deitar,
choro a certeza,
de a teres sido tu a fechar,
com rude leveza.
Abre-te Sésamo para sempre
e torna eterno o presente,
ou mata de vez a esperança
de dançar a mesma dança.
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