Vemo-nos por aí...

sábado, 19 de julho de 2008

Amarelo

E se já tivesses cor e forma e rosto e cheiro. Sim, se já tivesses isso tudo e sorriso e olhar e toque e respiração e bater do coração. Se já tivesses tudo isso, se já fores tudo isso, não mais te inventarei. Basta-me agora fechar os olhos e ver-te reflectido nesse mundo que, a medo, vou criando. Imaginar-te muitas vezes, esperar-te novamente e acreditar que aos poucos alguma coisa vai crescendo. 
Neste entretanto vou esboçando uma poesia de ti e, no traço de grafite inseguro, guardo-te para não mais te perder. No bocadinho de papel que um dia será teu, não há receios nem angústias porque ali sou eu que te desenho e te prendo. Fora isso, procuro os passos pequenos para não cair, antevendo já um abismo sempre possível. Vou derivando assim entre o risco de quem te quer e a o medo de nunca te ter. E porque estes dois mundos são todo o universo, acabarei de algum forma envolvido. Não sendo mais, serás sempre poesia, poesia que escrevo de ti.

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