Vemo-nos por aí...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Estações


Fim do dia. No limite crepuscular que sempre me encantou, leio poesia no ar. No transbordo entre os dois comboios, guardo o livro de estudo, cansado já de tanto o folhear, e observo as pessoas que entram e saiem.

Umas correm de mãos dados,  despedindo-se com beijos fugidos. Outras caminham com a resignação consentida de mais um dia que acaba e da perspectiva de outro igual que se avizinha.

Sorrio com a bonomia que todas me merecem. Enternece-me esse lugar comum de que sempre me afastei. Esse abismo em que tudo se torna indiferente, mas nem por isso menor.

Vejo passar as composições amarelas e, nesta estação de ninguém , apeadeiro urbano de sonhos,  vou olhando o grande relógio redondo. Nesse tique-taque imemorial e paciente, compasso alheio ao tempo que marca,  escuto o que ainda virá.

Tique-taques, tique-taque, tique-taque...

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