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sexta-feira, 14 de março de 2008

(Des)Encontro

Entre os dias longos de trabalho, numa breve paragem de descanso, em que se ignora a agenda, se esquecem os telefones que tocam, os compromissos que ainda se tem e os papéis acumulados na secretária. Nesse breve instante em que o mundo está já em descanso, em que se ouvem os risos de quem regressa a casa, em que se vai dizendo repetidamente bom fim-de-semana a todos os que saem. Nessa pausa em que levanto os olhos para a janela e me apercebo do pôr do sol, recordo-te. Mesmo que a tua imagem não se afaste, encontro no trabalho, como sempre encontrei aliás, o mais seguro refúgio. Lembro novamente o que vou procurando esquecer, essa tentativa apenas sonhada, esse espectro de sentimento onde apenas eu e só eu li o que não existia. Encontro-me mais uma vez no fim do caminho não trilhado, na senda apagada de uma ilusão. Sorrio estupidamente, tolerante comigo e com um tempo que virá, sem ti…
Consola-me hoje aquele pedaço de memória, já pouco recordado, em que o amigo que já virou estrela me abraçou e, entre lágrimas, me confiou um pouco de si. Ainda hoje o guardo, como às palavras sentidas que me dirigiu. Hoje percebo-o melhor do nunca e talvez apenas só agora me tenha irmanado verdadeiramente com ele. Continua, como há anos, seguindo de perto os meus passos e contrariando a minha crença no mundo plano. Lateja-me na cabeça, como acontece em noites de insónia, a frase daquela despedida eterna, meu irmão, em que ouvi que o amor não tem princípio nem fim, apenas rosto. Como me esforço por acreditar. “Talvez esta canção te não encontre ou diga qualquer coisa se a ouvires, te mostre tudo aquilo que tu pensas e tens medo de gritar, te mostre talvez uma nova maneira de encarar o mundo”.

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