Vemo-nos por aí...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sozinho

Fim de dia cansado. Regresso a casa entre os últimos raios de sol e alguma descrença banal. Sigo pela beira do passeio num quase-passo seguro. Sinto no rosto uma ligeira brisa que me arrasta o sobretudo de golas grandes para trás e deixo-me guiar pelo instinto de quem já percorreu o mesmo trajecto dezenas de vezes. Como sempre, ao meu passo solitário chegam os pensamentos corridos que não consigo evitar. Há dias assim, em que por razão nenhuma nos sentimos pequenos, sós, esquecidos do mundo…
Mantenho o rosto simpático e vou cumprimentando aqui e ali os habitantes dos “mesmos espaços a horas certas” que, como as árvores da avenida, se habituaram já a ver-me passar.
Vou percorrendo assim a rua, desejando chegar ao meu templo sagrado e, enfim, refugiar-me uma vez mais no meu cárcere voluntário das tristes horas banais. Não se diluem os sentimentos, nem a nostalgia de um não sei quê que não cheguei a ter. Mas ali, naquele alto de mundo, o coração amansa e, se quiser, posso deixar correr uma lágrima marota que hoje, hoje não será por ti, não será por nós. Será por mim.
Por mim. Pelos sonhos que tão jovialmente acalento, pelas ilusões dourados em que acredito, pelas viagens astrais que ainda faço, pelos dias que ainda hei-de perder a olhar para ti que não vens.
Olho uma vez mais para as pedras da rua, deixo escapar um suspiro e, sozinho, regresso ao meu pequeno espaço...

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