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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Pelo Imperador da Literatura Portuguesa

Por inspiração de um blog amigo, admito, recordo hoje o aniversário do “Imperador da Literatura Portuguesa”, como muito propriamente o definiu Pessoa. Quatrocentos anos depois do seu nascimento, a obra perdura pela eternidade e, bem podemos dizer, talvez mais actual hoje do que ontem. Mas isso são anacronismos típicos de quem se prende ao seu tempo e o acha sempre mais actual, mais avançado, mais progressista, mas civilizado. Esqueçamos.
O cunho intimista com que sempre te falei, amigo leitor, parece hoje aqui quebrado. Talvez! O amor, tema sempre recorrente nos meus gritos de insónia, parece ficar hoje noutro plano, como se vários planos fossem possíveis. Sabemos os dois que não. Que a Terra é plana e que, por isso, o mínimo que pode ter acontecido é o amor ter ficado a um canto. Mas não! Recordar Vieira, esse velho amigo de viagens, humanista caro, é recordar o amor, é falar de amor, de entrega e de paixão.
Humildemente me silencío e te dou a voz a ti, orador dos tempos idos falando continuamente no presente sobre um futuro em que acreditas…

Ou é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar. […] Suposto, pois, que, ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de fazer a este sal, e que se há-de fazer a esta terra? O que se há-de fazer ao sal que não salga? […] E à terra, que se não deixa salgar, que se lhe há-de fazer?

Que se há-de fazer? Diz-me tu. Que se há-de fazer se o amor não te contagia? Se fica meu e só meu e nem pela força de tanto te olhar, de tanto te pensar, de tanto te saber, te abraça e te consome. Serei eu, pequenino, que me fico para lá do tempo a sonhar contigo e te imagino, e me imagino, e nos imagino, próximos um dia, que não desperto em ti todo o amor que me corrói? Serás tu que não te deixas abraçar e mesmo perto te escondes atrás de ti?
Que se há-de fazer? Que se há-de dizer? Que continuarei eternamente caminhando, para chegar a ti…

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sei se sou um amigo leitor, mas tenho sido um leitor atento dentro do possivel deste blog. Conhecia mais ou menos estas palavras do padre antónio vieira, mas nunca me tinha lembrado delas em relção ao amor. Como faz sentido!