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sábado, 27 de setembro de 2008

Tolices

Talvez tudo isto seja uma tolice! Talvez tanta filosofia seja uma tolice. Talvez o apelo constante aos elementos naturais seja também uma tolice. E uma tolice é também o grito mudo, a vã esperança, a banal tranquilidade.
Uma tolice tanta profundidade, tanto suspiro, tanto recolhimento. Uma tolice tanto silêncio, tanta e tão aborrecida complacência. Uma tolice até tanta suposta sapiência, espelhada nesses olhares longínquos que teimosamente lanço ao mundo. Uma tolice é Para-lá-do-mundo, este refúgio sentido dos sentidos. Uma tolice é tanto sentimento dirigido a um espectro de Ti, que continuas sem rosto, senão o que imaginação cansada ainda me permite.
Uma tolice até o desassossego que vou sentindo sem razão. Uma tolice este aperto que não me larga, esta lágrima que não cai de uma vez, este embargo na voz que não se solta. Uma tolice tantos sonhos, tantas telas, tantas paisagens inventadas. Uma tolice até toda a quase-poesia que escrevo, sopro inanimado que resiste.
Uma tolice é esquecer a simplicidade dessa coisa que é amar, teorizando reflectidamente sobre o que apenas se pode sentir. Tolice, tolice...
Tolice seja talvez esperar por Ti, mas tolice maior e definitiva seria desistir de Te encontrar. Tolice é, no fim das contas, não cantar a leveza da música, e sorrir, pelo caminho, chutando pedrinhas...

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