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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mimetismos, minimalismos e aforismos

A anedónia dos últimos tempos lentifica-me. O pensamento torna-se tão medíocre que, não fosse este ímpeto voraz de escrever, muito simplesmente me recolheria ao silêncio da Torre de Narciso, de onde nunca deveria ter saído. Talvez por isso me limite hoje a esse lugar-comum do mimetismo que, só não o é mais, porque ainda me resta a lucidez da escolha. Fragmento de um longo romance, sofrerá sempre da descontextualização das citações banais, minimalismo discursivo dos que procuram nos aforismos panaceias para males maiores.

Numa das suas muitas conversas com Hayward, Philip explica-lhe porque devora livros e leituras avulsamente. "Quando leio um livro tenho a impressão de que o faço apenas com os olhos, mas às vezes encontro uma passagem, talvez uma única frase que tem sentido para mim, e que se torna parte de mim mesmo. Tirei do livro tudo quanto me era útil e nada mais poderei extrair dele, ainda que torne a lê-lo uma dúzia de vezes. Tenho a impressão de que nós somos como um botão em flor: a maior parte das nossas leituras desliza sobre nós sem produzir o menor efeito, mas certas coisas, que têm para nós um sentido especial, abrem uma pétala: uma a uma as pétalas desabrocham, e por fim surge a flor”
(in Servidão Humana, Somerset Maugham, 1915).

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