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sábado, 23 de agosto de 2008

Esperança vã

Nessa esperança vã, cadinho de sentimentos quase moribundos, aguardo-te ainda, como no primeiro dia dessa partida longínqua e definitiva.  Girou tantas vezes o globo, essa Terra que todos insistem em ver redonda. Se o fosse, regressarias como partiste e a vã esperança seria a mais convicta das certezas. Da certeza de te abraçar de manhã, de te olhar nos olhos, de sorrir contigo, de te dar a mão. Da certeza de te mostrar paisagens incríveis, lugares recônditos, o que há para lá do que todos vêem. Da certeza de te esperar todos os dias, de te ouvir, de te fazer esquecer os medos e as angustias que às vezes afligem. Da certeza de me transformar incessantemente em amigo e amante, numa volúpia intangível de tudo querer para ti.  Da certeza de poder ousar querer querer-te. Mas não é. A terra continua plana como sempre o foi e, por isso mesmo, regressarás outro. Eu, cultivando a vã esperança, aguardo-te ainda assim, sem expectativas, mas com o coração a bater forte. As primeiras dependem de mim, refrio-as eu. O segundo já é teu, resta-me ouvi-lo, em vão...


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