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sexta-feira, 9 de maio de 2008

Eternamente eterno

Quero eternizar-me. Eternizar-me no longínquo mundo que espreito com timidez. Eternizar-me na lua cheia que há muito não narro. Eternizar-me no mar imenso, nas florestas verdes, na areia branca, no nascer e no pôr do sol. Eternizar-me em sorrisos e olhares, em suspiros e lágrimas, em palavras não ditas, em silêncios falados, em cumplicidades caladas. Eternizar-me no tal segundo em que tudo é isso mesmo, eterno. Eternizar-me eternamente, numa cadência constante, numa luta perene. Eternizar-me na redundância das palavras, verdadeiro mundo de liberdade, da minha liberdade.

Eternamente
viverei (condenado) no sonho.
Num sonho
não falado,
calado,
às vezes chorado,
talvez negado,
sempre amado.

É sonho?
Eterno sempre será,
mesmo não chegando
o que sempre virá
voando,
desenhando em fumo branco
as quartos letrinhas não escritas,
prova viva de um outro som,
descompasso que bate certo.

(Embala o ritmo o sonho.)
Eterno um como o outro,
siameses,
bastardos do não dito
para sempre escondidos
nesse olhar longínquo,
turva transparência da alma,
apelo surdo aos deuses
mortos também pela ausência.

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