Vemo-nos por aí...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Música falada

Entre o estudo das matérias obrigatórias e as ávidas leituras em que me esqueço, foram passando os dias em que a ausência se nota mais forte. Não que seja maior agora, mas porque nestes dias em que tudo pára se ouvem mais risos, se vêem mais abraços, se sente mais a alegria que enche as noites.
Como de costume, sorri para o mundo, mostrando a tranquilidade que nem sempre senti, mas que depois destes anos todos ainda continuo a disfarçar muito bem. Entre a resignação da alma e a prisão voluntária no meu cárcere de sempre, optei pela terceira via. Assim, sem mais.
Mesmo para programa de última hora, partilhado apenas com os segredos de que nunca me afasto, foi bestial. Naquela sala escura, quase vazia de gente, voei como não o fazia há muito. Deixei-me afundar na cadeira confortável e, propositadamente, fechei os olhos e fiquei naquele estado quase hipnótico, interrompido a espaços pelas palmas de fim de música e pelos agradecimentos do Tord Gustavsen. No conforto do momento, ecoavam ao ritmo da música outras conversas fantásticas. Aconcheguei-me no conforto dessas palavras e perdi-me nas coincidências que me têm feito sorrir.
Senti, por momentos, que aquele trio tocava apenas para mim, na cadência dos meus próprios sonhos, em sintonia total com as ondas dos meus pensamentos. Tentei ainda eternizar tudo aquilo, prolongar o sorriso que, percebi, fui largando ao imaginário em que me tinha refugiado. Levei, por isso, para o me pequeno espaço, presa numa caixinha quadrada, essa rodinha mágica que toca sons. Não foi a mesma coisa, mas senti-me próximo…

2 comentários:

Anónimo disse...

Há momentos inexplicáveis que nos fazem esquecer a ausência. Mas nunca é uma verdadeira ausência quando pensamentos fluem para nós...

Quasimodo disse...

Concordo, apesar de isso não diminuir a sensação tão viva...